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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acaba de disponibilizar um documento científico inédito, elaborado pelo Departamento Científico de Medicina do Adolescente e pelo Grupo de Trabalho Saúde Mental, com diretrizes para o tratamento medicamentoso do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na adolescência. Em Belo Horizonte (MG), cerca de 100 pediatras locais estiveram reunidos no Cinemark Shopping Pátio Savassi para o lançamento oficial da nova instrução técnica para a classe médica de todo o Brasil. O evento, realizado dia 14 de agosto, contou com transmissão on-line e ao vivo para 500 médicos presentes em cinco salas de cinema de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Goiânia(GO), Porto Alegre (RS) e da capital mineira.
De origem genética e caracterizado por desatenção, inquietude e impulsividade, o TDAH afeta cerca de 5% das crianças em idade escolar¹ e é o transtorno neuropsiquiátrico mais comum entre crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Nas escolas, os sinais podem se manifestar por dificuldades de aprendizagem, queda no desempenho e problemas de relacionamento com colegas, professores e familiares¹.
“O documento científico reforça a importância de algo que tem ocorrido na prática clínica, que é o diagnóstico do TDAH na infância e adolescência, principalmente por parte dos pediatras. A descoberta do transtorno e os tratamentos assertivos podem auxiliar o jovem na jornada do TDAH, especialmente no enfrentamento dos impactos negativos causados por este transtorno, que comprometem o aprendizado escolar, o relacionamento familiar e o convívio social dessas crianças e adolescentes”, explica Williams Santos Ramos, médico hebiatra da Apsen.
As manifestações do TDAH começam na infância, período em que o transtorno se instala. Pais e cuidadores devem estar atentos a sinais como agitação acima da média, dificuldade para dormir, choro frequente e baixa tolerância à frustração. Esses comportamentos, especialmente quando persistentes, podem indicar a necessidade de avaliação por um especialista. Entre os oito medicamentos disponíveis para o tratamento do TDAH no Brasil, o novo documento científico da Sociedade Brasileira de Pediatria já inclui também a primeira terapia não estimulante para TDAH disponível no país, a Atomoxetina, comercializada desde o final de 2023.
TDAH e comorbidades
Um aspecto que merece atenção especial é a associação do TDAH com outros transtornos, as chamadas comorbidades2-3. O diagnóstico nas crianças e nos adolescentes geralmente é feito com a ajuda dos pais familiares ou pessoas próximas, adultos ou cuidadores. A escola também desempenha um papel fundamental nesse processo, pois os educadores são os primeiros a identificar características, sinais e prejuízos do transtorno, possivelmente presente em um aluno na sala de aula. Dados mostram que entre crianças de 7 a 12 anos diagnosticadas com TDAH, até 70% dessa faixa etária pode manifestar simultaneamente quadros de ansiedade, tiques e dificuldades de aprendizagem, sobretudo em leitura, escrita e matemática⁴.