
Divulgação
Marcela Miranda, especialista em práticas de aprendizagem acelerada e em Neuroeducação e Programação Neurolinguística (PNL) e autora do best- seller Mente aberta, língua solta
A procrastinação, ou o ato de deixar para depois o que pode ser feito depois, é muito mais comum do que as pessoas pensam, e ela pode gerar consequências negativas, afetando a saúde mental, o desempenho profissional e até mesmo a qualidade de vida. Isso acontece em razão da lei do mínimo esforço. As pessoas procrastinam por dois motivos: falta de clareza sobre o próximo passo, e qual é a prioridade, e falta de descanso e lazer. O cérebro te obrigará a descansar se você não o fizer.
A procrastinação funciona como uma proteção do próprio cérebro, pois ele está sempre tentando economizar energia. Para o cérebro, é gostoso procrastinar. Sentimos um alívio momentâneo, mas esta conta chega um dia. O fato é que sempre teremos alguma coisa para procrastinar, pois não temos tempo para realizar todos os nosso planos. O que precisamos discernir é qual atividade poderá ser deixada para depois, independentemente de quanta energia custe.
A procrastinação pode gerar estresse, ansiedade, culpa, baixa autoestima e, em casos mais graves, até depressão. Além disso, pode levar a um menor desempenho acadêmico, perda de oportunidades e dificuldades financeiras. Muitas vezes, a procrastinação não é preguiça, é medo, sobrecarga emocional. Uma técnica que ajuda a evitar a procrastinação é a reprogramação de pensamentos; por exemplo, como a pessoa enxerga mentalmente aquela tarefa que está evitando. Se você imagina o estudo como algo cansativo, chato e cinza, pode mudar essa imagem para algo colorido, leve e rápido. Isso muda a sensação emocional sobre o que precisa ser feito. As autoafirmações também podem ajudar demais nisso. Ao invés de pensar que tem de estudar todos os dias, leve para o nível da sua identidade dizendo que você é uma pessoa que estuda todos os dias.
Cada vez que aprendemos um novo comportamento, o ser humano forma um grupo de neurônios e um caminho, como se fosse uma trilha ligando esse grupo de neurônios. Sempre que esse caminho é percorrido, a trilha é reforçada, ficando mais fácil de ser percorrida com o tempo, ou seja, ao se repetir um comportamento, esse caminho vai ficando mais mielinizado, como chamamos na neurociência, aumentando a velocidade de processamento das informações. Por isso, é tão difícil, às vezes, mudar um comportamento que já sabemos que é nocivo, pois aquele caminho já está tão fácil e rápido de percorrer e requer tão pouco esforço do cérebro que acabamos por repeti-lo até sem querer.
Mudar de comportamento requer a construção de uma nova trilha, ou seja, começar do zero, abrir a trilha e tirar matos, árvores e pedras do caminho. É desafiador, mas não impossível. Quando aprendemos algo novo, nosso cérebro ativa circuitos de recompensa e crescimento, isso gera dopamina, que, naturalmente, reduz o estresse e traz uma sensação de conquista.