
Divulgação
Elson Fernandes de Lima é diretor executivo do FSC Brasil. Graduado em Ecologia (UNESP) e mestre em Ecologia Aplicada (ESALQ), possui mais de 15 anos de experiência, tendo atuado em sustentabilidade, ecologia, conservação da biodiversidade e sistemas de informações geográficas.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, é natural – e imprescindível – que a atenção global se volte para a urgência da conservação e para as soluções que nos permitam viver em harmonia com a natureza. Entre as discussões, o uso da “madeira” aparece, e com ele, muitas vezes, a associação com o desmatamento. Essa ligação, embora compreensível em um cenário de práticas insustentáveis, é um equívoco perigoso. Cada vez que reforçamos essa associação errônea, nos afastamos de uma das ferramentas mais poderosas no combate à devastação florestal: o manejo florestal sustentável.
É fundamental entender que a floresta não é apenas um conjunto de árvores, mas um ecossistema complexo, rico em biodiversidade e provedor de serviços ecossistêmicos vitais. E, dentro desse ecossistema, a madeira, entre outros produtos florestais como alimentos e fibras, assume um papel de destaque. Ao criar um mercado robusto para a madeira proveniente de áreas manejadas de forma sustentável, as florestas em pé ganham valor econômico, tornando sua conservação muito mais atrativa e rentável do que sua derrubada para outras atividades.
A demanda global por madeira, longe de diminuir, está em uma trajetória de crescimento. Impulsionada por soluções baseadas na natureza, como a bioeconomia, e por avanços tecnológicos que permitem novas aplicações para a madeira, as expectativas são ainda maiores. Hoje, é perfeitamente possível construir edifícios inteiros de madeira, por exemplo, demonstrando sua versatilidade e potencial como material de construção renovável e de baixo impacto. Esse olhar e todas essas inovações não apenas abrem novos mercados, mas, principalmente, reforçam a posição da madeira como uma componente chave para um futuro mais sustentável.
É preciso desmistificar a ideia de que substituir a madeira por outros materiais, como plástico, aço ou concreto, é uma atitude sustentável. Muito pelo contrário. A madeira é uma matéria-prima renovável, que requer significativamente menos energia para ser produzida, pode ser reciclada e reutilizada, sequestra e armazena carbono. Ou seja, ao optar pela madeira de origem responsável e, principalmente, certificada, não só valorizamos a floresta em pé, como também contribuímos para um ciclo virtuoso.
Ao comprar madeira certificada, o consumidor está apoiando práticas que garantem a regeneração florestal, a proteção da biodiversidade e o respeito aos direitos das comunidades locais. Mais do que isso, essa escolha contribui diretamente para o desenvolvimento socioeconômico das regiões florestais (e do país como um todo, claro). Comunidades que vivem na e da floresta, muitas vezes em áreas remotas e com poucas alternativas econômicas, encontram no manejo florestal sustentável uma fonte de renda e dignidade. Se a floresta não gera oportunidades, se não oferece um meio de subsistência, o risco de desmatamento para atividades menos sustentáveis ou o êxodo rural se tornam tristes realidades.
Assim, o manejo florestal sustentável não é apenas uma técnica de exploração responsável; é uma estratégia de conservação que integra o valor econômico da floresta com a manutenção de seus aspectos sociais e ambientais. Ao reconhecer o potencial da madeira como um recurso renovável e ao apoiar sua produção responsável, estamos investindo em um futuro onde as florestas continuam a nos prover de seus inúmeros benefícios, ao mesmo tempo em que geram prosperidade.