
Foto: Milena Gomez
A artista, percussionista e cantora, pesquisadora e militante Guê Oliveira realiza em Belo Horizonte no próximo dia 14 de novembro, o projeto “Colcha de Retalhos”, trabalho inédito que celebra a cultura popular brasileira e a potência da ancestralidade como caminho de reflexão para uma reconstrução necessária e atual da nossa humanidade. A apresentação musical no Teatro Raul Belém Machado, da artista acompanhada de Pereira da Viola (viola e voz), André Oliveira (cordas), Gladson Braga (percussão) e convidados(as), é fruto da trajetória de Guê e toda a coletividade que a cerca em mais de duas décadas de dedicação à cultura, à arte, à educação popular e aos movimentos sociais.
Tendo direção artística de Pereira da Viola e da própria Guê, “Colcha de Retalhos” reúne no palco, além da banda, convidados (as) que são caros e queridos para a artista e que fazem parte do universo ao qual o projeto se debruça. Estarão presentes os compositores e cantadores(as) Dito Rodrigues, Andréa Roseno, Roquinho e Dona Lourdes, mãe da artista.
Origem e reencontros
“Colcha de Retalhos” tem uma história rica e encantadora: nasceu no desejo de Guê após a realização da live “Reencantando”na pandemia, que foi parte do projeto “Corre da semana” do InCena. Evoluiu para uma obra que une canções autorais, de parceiros e parceiras e músicas de domínio público, além de histórias e poemas marcantes para a artista. As músicas que compõem o repertório da apresentação são um retalho de vivências reflexões, tecidas por Guê com fios de solidariedade, humanidade, espiritualidade e ancestralidade, que remetem também ao ofício de sua avó, D. Ana, costureira e rendeira do Vale do Jequitinhonha, que durante toda a vida confeccionou diversas colchas de retalhos.
O nome tem origem na valorização e resgate da ancestralidade familiar da artista, e conversa com o propósito do projeto que é emendar com esperança, delicadeza e coragem o que tem sido cortado, separado e retalhado pelo contexto atual que nos desumaniza em nome de uma lógica destrutiva e desumanizadora. “Todos somos retalhos de uma grande colcha que compõe nossa humanidade. Nela, repousam nossas memórias e pulsa nossa ancestralidade. É tempo de nos reconhecermos nesse tecido comum que nos forma. É tempo de compreender que fomos retalhados, despedaçados — e que, ainda assim, seguimos costurando nossa existência. A colcha de retalhos é expressão de um povo: simplicidade que vira beleza, cores que se entrelaçam em acolhimento, calor e alegria. Tecer é, pacientemente, um gesto de teimosia, de reexistência, de reconstrução.”, enfatiza Guê.
Nesta criação sonora, Guê Oliveira reúne fios e pedaços para lembrar de onde viemos, quem somos e para onde caminhamos. Colcha de Retalhos é convite a reconstruir a humanidade em nós, a reaprender a capacidade de juntar os fragmentos em uma grande colcha solidária, justa e amorosa.
Raízes que florescem
“Colcha de Retalhos” é assim, uma apresentação que pretende transcender o palco: uma travessia poética pelas memórias coletivas e pessoais de Guê, uma reverência, uma ode à cultura popular e um convite à reconstrução da humanidade por meio da arte, da escuta e da partilha. Escolhido a partir dos pilares, ancestralidade, olhar sensível sobre as crianças e solidariedade, o repertório de “Colcha de Retalhos” tem composições próprias de Guê e de compositores sensíveis como Pereira da Viola, Ana Cláudia Pessoa, Aracy Cachoeira, Roquinho, Marquinhos Monteiro, Vander Lee e Zé Pinto. As influências dialogam com o universo da música popular brasileira, dos ritmos latino-americanos e da cultura popular, evocando nomes como Dércio e Doroty Marques, Rubinho do Vale e João Bá.
As canções de “Colcha de Retalhos” tem sonoridade com significado e significância. “Tudo neste trabalho está conectado e serve a um propósito maior. Não é somente a Guê, artista, cantora, percussionista ali, no palco, fazendo uma apresentação, é um mundo que trago junto comigo, são todas as histórias que ouvi, vivi e que passo adiante pelo poder transformador que a oralidade tem através da música.”, afirma.
Entre folias, congados, batuques e canções sobre a infância, Guê e sua banda convidam o público a cantar, dançar, buscar suas memórias e sua ancestralidade para refletir sobre as formas de resistência e humanização possíveis em tempos de medo e desamparo. Ao defender os três pilares que sustentam a obra: a urgência de reafirmarmos processos humanizadores a partir de elementos como a solidariedade, a ancestralidade, a reconexão com a natureza e a alegria — Guê reafirma que esses elementos são o que há de mais potentes na nossa humanidade. As canções “Somos África”, que evoca o continente como berço da humanidade e “Chove dentro e fora de mim”, que fala dos sinais da chuva e das relações com a natureza dentro dessa busca pela humanização, são duas das dezesseis outras que compõe a apresentação e que prometem encantar corações e olhos atentos.
“Nessa apresentação está presente toda minha vivência de 50 anos de trabalho. “Colcha de Retalhos” traz não só as minhas experiências, mas a minha visão sobre o poder da arte e da música, sobre África ser mais do que uma referência, ser a origem da humanidade e do que é humano. O projeto é uma síntese da minha caminhada. Tem músicas sobre as crianças, sobre a folia de São Benedito — o Santo Negro, da comida e da solidariedade, o Santo do Congado — e sobre a importância do acolhimento a quem mais precisa. Eu conto a história de São Benedito como ouvi dos velhos dos congados, para trazer o tema da solidariedade. Procuro apontar caminhos de fortalecimento, reafirmando o que é potência para este resgate. Há uma música do show, por exemplo, um ponto de São Cosme e Damião, que trago porque acredito que as crianças nos ensinam sobre a alegria e sobre formas de resistência. Quando conseguimos ouvi-las, percebemos essas possibilidades de humanização. Diante do medo e da distopia, é mais fácil pensar no fim do mundo do que no fim do capitalismo — mas eu acredito que o caos não é a única opção.” – defende Guê Oliveira.
Arte-militância e formação humana
Guê Oliveira é uma artista-militante, forjada nas fileiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e no Movimento Cultural de Belo Horizonte. Atua também como coordenadora do Bloco
Pisa Ligeiro, integrante dos grupos As Cantadeiras e Mina Flor, e uma das pessoas idealizadoras da Escola de Arte João das Neves. É coordenadora e produtora do programa Vozes da Terra, veiculado em rádios comunitárias e populares de Minas Gerais.
Formada em História pela UFPB, com especialização pela FIOCRUZ e mestra em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe pela UNESP, Guê alia pesquisa acadêmica, prática artística e formação política em tudo o que desenvolve. Suas apresentações, oficinas e vivências percorrem o Brasil e o mundo, abordando temas como cultura da criança, percussão, construção de instrumentos e cultura popular. Guê acredita na música como ferramenta de transformação social e como um espaço de síntese de toda a sua trajetória.
Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, por meio do Edital Descentra Cultura, com elaboração e coordenação geral de Fina Fazedoria, gestão da Urutu Produções, ilustração de Anderson Augusto, designer e comunicação digital Fruto do Marketing e assessoria de imprensa e fotografia Milena Gomes Comunicação Inteligente. Conforme previsto em lei, a exibição terá intérprete de libras durante a apresentação, acessibilidade para PCD’s no teatro e comunicação acessível nas redes sociais do projeto.
Ficha técnica:
Direção artística: Pereira da Viola e Guê Oliveira
Participações: Dito Rodrigues, Andréa Roseno, Roquinho e Dona Lourdes (mãe da artista)
Banda: Guê Oliveira (voz e percussão), Pereira da Viola (violão e voz), André Oliveira (cordas) e Gladston Braga (percussão)
Iluminação: Tainá Rosa
Som: Odrasons – luz e som
Streaming: 2k produções
Elaboração, coordenação geral e produção: Fina Fazedoria – Fina Nicolai e Bruna Bof
Gestão: Urutu – Laís Moreira
Ilustração: Anderson Augusto
Designer e comunicação digital: Fruto Marketing – Sayonara Borges
Assessoria de Imprensa e fotografia: Milena Gomes – Comunicação Inteligente
Realização: Prefeitura de Belo Horizonte, Fundo Municipal de Cultura
SERVIÇO:
Show “Colcha de Retalhos” – Guê Oliveira
Data: 14 de novembro de 2025 (sexta-feira)
Horário: 19h30
Local: ESPAÇO CÊNICO YAGI – Teatro Raul Belém Machado, R. Leonil Prata, 53, Alípio de Melo, Belo Horizonte – MG
Entrada: Gratuita, 50% dos ingressos com retirada de ingressos no teatro e 50% através pelo sympla (https://bileto.sympla.com.br/event/111436/d/341850/s/2319109)
Duração: 90 minutos
Mais informações no Instagram: @gue.oliveira


